quarta-feira, 2 de maio de 2012

Gilson Xavier Matos - ARTISTA PLÁSTICO


ENTREVISTA COM O ARTISTA PLÁSTICO – Gilson Xavier Matos.



QUEM É GILSON MATOS:

 





Como a Arte e a sua vida se cruzaram?
Aos 10 anos, ainda cursando a escola primária, já desenhava o que chamou a atenção de um amigo jornalista, Valter Pires do jornal “A Tarde”, que me levou até aos alunos da escola de Belas Artes, que frequentei durante três anos, sob a orientação do mestre, então aluno Edson da Luz (líder atual do grupo ETSEDRON).
Como e onde foi sua primeira exposição?
R: Minha primeira exposição individual aconteceu na Primeira Bienal Nacional acontecida em Salvador-Ba, em 1966. Essa exposição foi retratada pelo jornal “A Tarde”, com uma reportagem intitulada “O Artista Nasce Feito”.







Como você recebeu a crítica de Mario Cravo, Carybé, Matilde Matos e Romano Galeffi a respeito do seu trabalho?
R: Com Naturalidade e fiquei muito honrado.

 





Nota-se a presença da Religião Hinduísta em seus trabalhos. A que se deve essa influência?
R: Após os anos 1960, com meu envolvimento no movimento do Hipismo e da Contracultura entrei em contato com membros do movimento Hare Krishna, oriundos da cultura Hindu. Foi membro fundador desse movimento aqui no Brasil, na ocasião mudei para São Paulo, onde trabalhei em templos, editoras e no proselitismo.




Você foi influenciado por outros Artistas Plásticos?
Sim. Frequentava vários espaços da Cultura e Arte, como Panorama, Casa de Wilson Rocha (guru dos artistas da Bahia), Atelier de Mário Cravo, Carybé, Hannsen Bahia, Edson da Luz e também a boate “Anjo Negro”, (reduto dos artistas da Bahia). Conseqüentemente esses artistas com certeza muito me influenciaram, eles eram mais experientes.
Qual das suas obras é a mais bela, aquela que tocou profundamente seu coração?
R: A primeira obra intitulada “A Criança e a Igreja”. Com ela fui aceito com apenas 12 anos de idade Na Bienal de Artes, nos anos 1960 ocorrida em Salvador
Você nasceu em Piatã-Ba. Sempre morou aqui?
Não. Como já disse, em Salvador, São Paulo, Recife, Brasília, agora estou residindo aqui em Piatã.
Se a gente pegar qualquer documentação sobre sua trajetória artística, é muito visível o fato de você ter começado a participar de exposições ainda muito novo. Como surgiu essa necessidade?
R: Destino e ambivalência do artista pela sua criação (produção e dom artístico).
Existe algum fato que marcou negativamente e positivamente sua trajetória artística?
R: Na Bienal de São Paulo em 1973, meus trabalhos foram rejeitados pelo “Júri”. Já na Bienal seguinte fui convidado como participante e a Sala de Didática de Gravura, ficou sob minha responsabilidade. Parece um paradoxo.
Desde aquela época você fazia só xilogravura, ou não?
R: Sou um Artista Plástico, pinto, esculpo, entalho, e desenho. Na Xilogravura (entalhe em madeira), nós baianos criamos uma técnica chamada de “Fusão”. Que consiste fazer a gravura com entalhe.
Você sentiu na Escola de Belas Artes algum clima propício à produção artística?
R: Já dizia Pedrosa (crítico e artista plástico), o artista é um demiurgo, seu trabalho é sempre solitário. No entanto sempre busquei pela convivência em grupo e movimentos alternativos.
Há alguma referência sobre seu trabalho fora do país?
R: Susan Rubim de Pinho escreveu um artigo na Universidade Católica de Louvain na França, sobre alguns dos meus trabalhos e também na República Tcheca e Eslováquia, foi feita uma exposição sobre Artistas Plásticos da América Latina onde consta artigo da mesma escritora com o título “Les Influences Du surrealime sur l’art de Bahia, a meu respeito.
PARTE DO ARTIGO DE SUZAN RUBIM DE PINHO.







Gilson, muito obrigado pela entrevista.



                                                                                                                                             Nota:
O Artista Plástico Gilson Matos, é neto do Coronel Horácio de Matos, personalidade histórica da Chapada Diamantina.
                                                                                                             
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Gilson Xavier Matos

MÚSICAS APRECIADAS NA REGIÃO DOS MUNICÍPIOS DE ABAÍRA E PIATÃ-BA





 MÚSICAS APRECIADAS NA REGIÃO DOS
MUNICÍPIOS DE ABAÍRA E PIATÃ-BA

De início vamos tentar conceituar “cultura de massa” – podemos afirmar que a cultura de massa possui várias características – ela é produzida para consumo; não possui caráter reflexivo; busca agradar sentimentos e emoções menos nobres.
Este termo “cultura de massa” está diretamente associado a outro, “ industria cultural “. A comunicação de massa funciona como uma industria de produtos culturais. O consumidor passa a ser um agente passivo, no qual o objetivo se traduz na tentativa de dependência e alienação dos homens.
Agora, dentro do entendimento do que é patrimônio imaterial, percebe-se a tradicionalidade – entendida como continuidade em que os fatos novos se inserem sem uma ruptura com o passado, mas, construindo-se sobre esse passado. É o caso dos argumentos aqui apresentados neste relatório.onde várias pessoas foram entrevistadas sobre a importância da música nas diversas temporalidades, nos municípios de Abaíra e Piatã – Região da Chapada Diamantina.

ENTREVISTADOS EM PIATÃ

 Manoel dos Reis Brito (passarinho) – Idade 72 anos
P:  Durante sua mocidade quais as músicas que mais lhe agradava?
R: Eram aquelas que mais tocavam meus sentimentos, sempre fui romântico, os cantores daquela mídia eram Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Núbia Lafaiete.
P:  E na sua localidade havia algum compositor ou mesmo cantor que lhe agradava?:
R: Não. Existia aqui em Piatã uma “Banda de Música” que tocava “ Dobrados,” durante os festejos religiosos e cívicos, da qual eu era componente.
Ana dos Anjos 46 anos
P:  Quais foram os conjuntos musicais e cantores da Jovem Guarda que mais lhe agradavam?
R: Os Conjuntos (hoje Bandas) foram Os Incríveis, The Beatles, Os Fevers, e os cantores eram muitos: Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Eduardo Araujo, Martinha, Cely Campelo, Wanderléia, enfim toda trupe do chamado “Anos Dourados”. Eles contribuíram sensívelmente para o surgimento de um novo estilo de vida dos jovens do Brasil.
Silvio Oliveira Santos – 14 anos – Estudante
P: Onde você reside?
R: Comunidade do Limoeiro – Zona Rural
P; Qual a sua série?
R: Sétima Série –  do Colégio Dr. Antonio Carlos Magalhães.
P: Qual o estilo Musical que mais lhe agrada?
R: Música Gospel
P: Qual é o cantor Gospel da sua Preferência?
R: Lourival Freitas e também Eychila
P: E sua música preferida, qual é?
R: Pecado Encoberto.
P: Sabe um trecho da letra da música?
R: Sim, ... Quem está em pecado,/ Deve estar com medo/ que seja revelado na oração...
P: Você gosta de outro estilo de música?
R: Sim, também curto “ Calcinha Preta, Leandro e Leonardo, Zezé de Camargo e Luciano e outros cantores de Forró.

Roberto Figueiredo de Souza – 13 anos – Estudante
P: Onde você reside?
R: Comunidade da Ressaca
P: Qual é o cantor que você mais curte na atualidade?
R: Luan Santana.
P:   Qual é o estilo musical de Luan Santana?
R: Ele canta música Sertaneja.
P: Qual é a música que ele canta que lhe é agradável?
R: Sinais.
P; Você sabe cantar um trecho da música:
R: Sim,  ... Vi seu sorriso em meu sonho/, seguí seu rastro na areia do deserto/, Escutei sua voz no vento/ e senti seu cheiro cada vez de mim mais perto/, meio reservado/, meio louco/ ... Sair para te encontra em algum lugar do mundo/... Sinais/ me ajudam a perceber/ que o meu caminho é você...
P: Você gosta de Outros estilo de música?
R: Gosto de Axé, Sertanejo, Rap, e de todos os estilos que surgem no Rádio e na Televisão.
P: seus pais e avós gostam de música caipira? Qual é a dupla e a música que eles mais gostam?
R: Gostam sim. A dupla que eles mais comentam é Tião Carreiro e Pardinho e a música mais ouvida e Ferreirinha.
Nota do autor: ( Rubens Xavier). A letra da música “Ferreirinha”, conta a história de um peão que morreu ao buscar um boi no pasto. Essa música falou fundo no coração dos caipiras. Ferreirinha ganhou vida própria no imaginário das pessoas.

Elcio de Matos Ferreira ( Bichão de Piatã) – Cantor e Compositor – 40 anos.
P: Quando você começou a fazer música? Quem o inspirou?
R: Comecei desde criança me interessar por música, quando ouvia meu pai tocando sanfona, sempre o acompanhava cantarolando canções de roda e brincando com um violão que ganhei de presente de um tio e, logo adolescente, comecei cantando em uma banda de baile aqui na minha cidade.
P: Qual foi sua formação musical?
R: Não tive nenhuma formação musical, apenas sentir certa vocação para a música e fui aprendendo sozinho, na verdade sou autodidata quando o assunto é música.
P: Como é o seu processo criativo?
R: Para compor, na verdade não tenho um método específico,gosto de fazer a letra junto com a melodia. A inspiração acontece em qualquer lugar: na rua; em casa; no carro. Sempre me inspiro em fatos do cotidiano do nosso povo.
P: Que estilo musical lhe é mais agradável?
R: Gosto de curtir um pouco de tudo, desde que a música tenha alguma qualidade para ser mostrada ao público. Gosto de Forró, Música Popular Brasileira, Música Regional, Cantoria.
P: Do seu vasto repertório qual a canção que lhe é mais agradável?
R: Não tenho uma determinada canção que mais gosto, todas tem um valor igual. Todas foram feitas em um momento especial de grande inspiração. Sempre digo, minhas composições são como filhos, são diferentes, mas, tem o mesmo valor para mim.
P: Quais compositores influenciaram a sua carreira musical?
R: Vários: Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Raimundo Fagner, Zé Geraldo, Elomar. Por exemplo.
P: Qual é a canção chave na sua vida? O que ela aborda?
R: A Canção Piatã ( canto triste de uma ave). Nessa canção abordo as belezas naturais da minha cidade, como o seu clima frio e os seus pontos turísticos.
P: Como é a letra da Música?
PIATÃ

Lindas paisagens, rios inumeráveis
Flores se abrindo, encantos de jardins
Capela na Serra, serrão e cerrado
Bica do Machado, Morro do Cristal

Piatã... Piatã... Piatã.
Canto triste de uma ave
Que voou, que voou e nunca mais voltou

Cercada de serras
Por todos os lados
De longe se avista a linda Boa Vista
Névoa branquinha como véu de noiva
Casamento da raposa, arco-íris no céu.
Piatã...Piatã...Piatã, canto triste de uma ave...

Florentino de Araujo Santana (florzinho) – 65 anos.
P: Sei que você é o responsável pela manutenção da tradição dos Festejos de Santos Reis aqui na cidade de Piatã.
R: Com muita dificuldades, vou tentando preservar essa tradição cultural.
P: Como é o nome do seu  “Terno de Reis”?
R:  “ Reisado de Gerais “
P: Quantos são os componentes?
R: 14 pessoas.
P: Já se apresentaram para a apreciação de algum órgão cultural?
R: Sim. Fizemos diversas apresentações, inclusive para a TV cultura da Bahia.
P: As canções que vocês cantam e tocam são passadas para os jovens?
R: Essa é a nossa preocupação mais importante. Pois, são eles que darão continuidade ao nosso trabalho.
P: Quais são os instrumentos que o grupo toca nas cantorias?
R: Sanfona, Violão, Pandeiro, Triângulo.
P: Você pode da Um exemplo de um verso de Folia de Reis
R: Sim. São Vários:
Nascimento de Jesus.
... O anjo Gabriel avisou Maria que ela ia ser Mãe
Maria não enjeitou, a prima dela falou... Bendito é o fruto,
É o nosso salvador...

Chegada do Terno de Reis nas casas.
Sôr dono da casa/ Vem abrir a portaria/recebê santo Reis/ com sua nobre folia.
A ismola qui vóis dá? Não viemos recebê/ O glorioso santo Reis/ É quem vai recebê.
Ó de casa, ó de casa/ Alegra esse moradô/ Que o glorioso santo Reis/ Na sua porta Chegô

Despedida do Reisado.
O sereno da noite e o sereno do dia.
Nós somos reisado de longe
E estamos correndo a freguesia...
Adeus dia, Adeus meu povo,
Até um dia...
Santo Reis vai despedindo/ Deixando muita saudade./ Vai deixando muita benção/ pro povo dessa cidade.

Causa da Origem do  “Terno de Reis” – Reisado do Gereis.
O reisado é originário de uma “promessa”, feita aos Santos Reis, para eles ajudarem a encontrar um amigo da comunidade que havia desaparecido. Quando Wilson foi encontrado, a comunidade organizou o Terno de Reis e eles homenageiam os santos todos os anos no dia 06 de janeiro. 








Memorial


MEMORIAL

Rubens Xavier Lima


              Para elaborar o presente memorial, levo em conta às relações estabelecidas com o mundo, possibilitando a construção das minhas memórias desde o início da minha vida estudantil e profissional.
                Considero este memorial auto avaliativo, creio que ele acaba se tornando um instrumento confessional da minha vida.
               Sou filho primogênito de uma família de onze filhos, o nome do meu pai e Francisco Quirino e o nome da minha mãe é Elvira Xavier (ambos estão morando no céu). Sou natural de Piatã-Ba.
               Meu pai foi funcionário público da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia e minha mãe, uma senhora digna, dona do lar, o papel que desempenhou na vida foi o de viver exclusivamente para os filhos, tratando-os como se fossem o mais precioso presente que recebeu do criador. Participava ativamente das atividades da igreja católica se dedicando à música tocando Bandolim e Harmônio e cantava na igreja durante a missa.

O Início dos estudos

               Quanto ao início dos meus estudos na escola primária, foi bastante conturbado e não foi regular é que por volta dos anos cinqüenta o Estado tinha grandes dificuldades para contratar professores dispostos a enfrentar as dificuldades inerentes àquele período, principalmente aqui no sertão.
                 Fui alfabetizado por uma professora particular – professora “Lacy”, filha de dona Adelaide dona do Cartório Cível
               O método de ensino-aprendizagem oferecido pela professora foi o mais elementar possível, o material didático era o ABC, a Cartilha e a Tabuada. As lições de escrita e leitura eram atividades extra classe, tive o apoio da minha mãe na elaboração das tarefas. Com muitas dificuldades, mas, com dedicação, conseguir me alfabetizar já com doze anos de idade. Recordo da satisfação, foi um espanto, quando descobrir de repente que podia juntar as letras e sílabas e formar palavras e, portanto, ler, acho que o brilho de surpresa nos meus olhos era algo que nenhuma riqueza seria suficiente para pagar e compensava qualquer esforço que se teria feito.
                No ano de l959, freqüentei a escola primária regular (Escola Duque de Caxias). O nome da minha professora era Edite da Conceição Morais, proveniente de Salvador, professora muito eficiente, com ela tive uma visão mais ampla da importância do estudo. Desenvolvendo as competências e habilidades do ensino primário, tanto é verdade que passei no exame de admissão ao ginasial na cidade de Caetité.
                A professora Edite nunca deixou de comemora a semana da criança, o dia das mães, a semana da pátria. Naquele tempo a Educação Moral e Cívica era matéria obrigatória. Nós sempre cantamos os hinos de cor, o hino nacional, o hino da bandeira e o hino da Independência, ainda havia aulas de boas maneiras e higiene, toda sexta feira as crianças aprendiam a se cumprimentar, a pedir licença, desculpas, agradecer, as unhas, orelhas eram passadas em revista.
                 No ano de 1963, já com 14 anos, minha família e eu fomos morar em Caetité, o principal motivo que levou meu pai a tomar tal decisão foi à falta de ensino fundamental e médio aqui na minha cidade.

Caetité

                Caetité era um centro de educação por excelência no sertão da Bahia.
               Fiz parte daquele contexto quando estudei o curso ginasial no Instituto Anísio Teixeira, ali tive professores de capacidade inquestionável, como professora Eponina, Helena, Helio Negreiros, Jaime, João Gumes, Conceição e outros que no momento não me recorre na memória, estudava além das matérias formais, também, música e francês.

Caculé

              Em 1964, meu pai foi transferido para Caculé, cidade acolhedora, na qual fomos recebidos com muito carinho e consideração por muitas pessoas, que mais tarde vão se transformar em verdadeiros amigos.
              É em Caculé que acontece os fatos mais significativos da minha trajetória de vida. Ali, estudei o Magistério na Escola Normal Estadual de Caculé e cursei em paralelo o científico no Colégio Noberto Fernandes. O dia da minha formatura foi 27 de dezembro de 1970.  A maior parte da minha vida passai  nessa cidade, que me traz muitas recordações entre inúmeras a mais importante é a de Maria Celsa, Com ela me casei.Foi nessa cidade que conseguir meu primeiro emprego, como gerente de um de uma empresa no ramo de gêneros alimentícios.